O Principio da Dignidade do Torcedor no Futebol
Um domingo qualquer de campeonato de futebol
brasileiro, se apresentam em campo o time A contra o time B. O time A joga em
casa com toda a torcida pronta e vibrante torcendo pelo próprio time.
O estádio está lotado para a grande partida. Inicia-se com os protocolos e
solenidades de apresentação dos times, hino nacional brasileiro dando um caráter de
formalidade e de legalidade ao jogo por começar. Sendo o árbitro de futebol
considerado um "Juiz", é o maior representante da independência,
imparcialidade, autoridade das regras do "jogo". O Juiz e a sua
"corte" estão a garantir a regularidade do evento, com
a máxima transparência. Como na LEI No 10.671, DE 15 DE
MAIO DE 2003 que dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá outras
providências, precisamente no CAPÍTULO VIII - DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM
ESPORTIVA, no Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das
competições desportivas seja independente, imparcial, previamente remunerada e
isenta de pressões.
Fazendo uma referência ao Professor Lenio Luiz
Streck em seu livro "O Que é Isto - Decido Conforme Minha
Consciência?" a condição solipsista do "Juiz" durante a partida
é lampante. Estamos certos que o árbitro possa decidir conforme sua consciência?
Até que ponto as regras do jogo são extremamente aplicadas em um jogo
de futebol? O fato que toda a torcida do time que joga em casa faça diretamente
pressão ao árbitro do tipo "já ganhou" influencia de alguma
forma suas decisões? Mas vamos ao caso concreto, o time A e o time B começam o
jogo, mostrando suas qualidades seja individuais que coletivas dos jogadores,
quando aos 15" minutos do primeiro tempo o time A realiza o goooool do 1 X
0 para a imensa alegria e satisfação da torcida, dos
jogadores e do técnico do time A. O time B está abalado com
o gol, mas os profissionais da arte da bola se recuperam moralmente e tentam
realizar o gol de empate, e aos 38" minutos do primeiro tempo é realizado
o gol de empate, o árbitro convalida e manda colocar a bola no centro do campo.
Os torcedores e jogadores do time B comemoram o gol feito, mas depois de alguns
segundos os jogadores, torcedores no campo, os torcedores em casa protestam e
afirmam que o gol teria sido realizado em posição de impedimento! O
"Juiz" fundamentou sua decisão! Disse que o bandeirinha não
levantou o braço indicando impedimento. Os jogadores do time A permanecem
indignados pelo fato ocorrido. Mas qual é sentimento dos torcedores e jogadores
do time B ao gol realizado? O jogo termina e todos vão para casa. No outro dia
a moral, a ética e os sentimentos do time A em ter recebido um gol
feito em posição de impedimento, como se metaboliza? É considerado normal uma
decisão fundamentada sem um contraditório, sem ampla defesa? O solipsismo
do "Juiz" reina soberano.
Onde está a dignidade dos torcedores,
dos jogadores, do técnico e da diretoria do time A? Quando será
reconhecida a dignidade de ver, apreciar, torcer e levar
os próprios filhos a um jogo de futebol digno desse nome?
Onde está a dignidade de ser torcedor?